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Vidas vividas por Fausto Modigliani


Aniquilação total, defino esse dia como aniquilação, todos foram engolidos mortos pelo ritual dionisíaco. Mulheres. Cachaça. No final uma carreira de cocaína e um trinta e oito na cintura. Caos total.

Sexta-feira, satanás em seu estado puro veio até mim e disse: remember? Eu, fausto, fracassado em tudo, disse quero você, necessário a minha ascensão a tua volta em minha vida, cultuar. Não chegam mais em carruagem de fogo, mas sim de nissan kicks azul e desce com uma roupa azul bebê e um short mostrando a bunda para todos, falava besteiras, cheiro de cigarro, da pior qualidade, pois parou em qualquer banca e comprou, odeio esse tipo de fumante, fume um bom cigarro, malboro gold, duhill, apenas, o resto é coisa de criança ou viciado.

Não me amas mais? Foi isso que ouvi quando ela adentrou no meu quarto, não me deu um beijo de amor, eu disse que era apenas um ritual profissional, nada demais, nunca volto ao demônio com ânsia, mas volto com medo de ter essa ânsia, foi dentro dos conformes, transamos, fingimos que amamos ainda, dizendo palavras como “como tinha saudade de ficar em teu braço” mentira do caralho, ela mesmo, fã do poliamor, provavelmente transou com amigos, pois amigos devem transar, eu mesmo sou contra, coitado de mim e dos meus amigos com os cús arrebentados.

Menti para todos, irei transar com uma morena e não com ela, todos acreditaram, mas depois da primeira cossa que levei da cachaça, já admiti que transei com ela, recaída? Pode ser ou digo novamente, profissionalismo, sexo apenas, ninguém fez isso? Meter por meter? Gozar por gozar? Façam, recomendo profundamente e digo mais, não fiquei mal, fico mal quando me ligam para ser um consultor de questões contratuais, penais mais ainda, meu amigo foi preso o que faço? Tenho que devolver o celular, no qual comprei na feira da parangaba? Falar a vocês, se fodam, eu não existo, direito pra mim está morto, soterrado e mentem a vocês que são felizes em trabalhar numa área de merda como essa. Na final é do advogado, mentir.

Mas fingi que estava tudo bem até sábado que era o grande dia, o dia da governanta de todas as maravilhosas de fortaleza, amiga de todas, nossa Luizianne Lins, 80 amigos no qual todos foram seus ficantes e 99 amigas que depender da hora e do momento são amigas ou quengas. Fui bem vestido, numa vestimenta que fora dada pelo satanás, cara pra caralho, óbvio que não tenho dinheiro para isso, sandálias lindas, fui com grandes amigos, um químico, professor de literatura e lá íamos encontrar “os bestas” nosso grupo de amigos, que não somos idiotas, mas toda garota que vai ficar com gente a palavra antes de nos beijar e tirar a roupa: bestakkkkkkkkkkkk.

Primeira pessoa que vi foi ele, freddy mercury, com uma tatuagem bela, abstrata e uma garota instável, digo de instabilidade de não ser fácil de compreender ela por todo, o freddy foi fácil porque é homem, ri alto, anda duro e fingi ser fofo para conseguir alguém, mas ela não, estranhei logo, mas para atrapalhar com minha análise social dita como julgamento, veio Luizianne, bestafericamente feia, maquiagem péssima, uma roupa com uma cor inadequada, cor do sexo, eros, a depender da coloração pode ser cor da majestade, mas não, sexo.

Ela tava super feliz, óbvio, seu dia, mas eu ainda tava meio desconfiado com todos ali presentes, uma mãe, outra mãe, uma possível mãe, a mãe dela, adorável, mas tinha um doppelgänger, entre nós, amigão, apereceu uma mulher em comum que gostamos, diz logo: ODEIA HOMENS, ELA É LÉSBICA. Horas depois ele com ela, um egoísta de classe alta, devo dizer, percebe-se um pensamento machista, objetifica a mulher.

Tempos depois começaram a chegar todos os bestas, estava mais tranquilo, pois poderia dizer minhas maluquices, meus julgamentos e de repente não mais que de repente, chegou: o cão. Comecei a passar mal, vi uma canelhinha e botei pra dentro, vodka, gin e tudo o que tinha a cor branca, óbvio nossa cachaça gelada e fiquei louco ela tinha uma voz rouca, muito magra, tatuada, não conseguia ver os pés dela, tristemente, mas deixo aqui o leitor imaginar que são belos, um cabelo azul, maravilhoso e ela andava de maneira caotica, seus passos destruiam tudo e eu, apaixonado pelo seu modo, beber beber e beijar um freddy no pescoço, pois fora seu antigo romance, mas de repente, beija um bombado, flácido, mas forte e o beijo foi tão impactante na cozinha que jogou de lado o fogão, amei, pra mim amor é isso, destruição total, descontrole.

Cada maluquice, vendo gente se beijando, um físico beijando bem pra caralho, uma mãe rebolando para um gordão e fui para geladeira enborcar mais uma garrafa de vodka e ela chegou: Que roupa linda! Ficamos duas horas conversando, falando poesias e BACO adentrou em meu coração e disse a ela:

Trago-te esta ação, minha amada.
Rasgo meu peito em demonstração de que te amo.
Furo meus braços,
furo meu coração
para fazer-te um sacrifício.
Não de amor, e sim para que me perdoes
tantas palavras de ódio que lancei a ti. Perdoa-me, minha amada.

Fiz essas ações sem pensar... usei o coração.
Escrevi tantos versos amorosos, mas tudo foi falsidade.
Tem pena de mim, ó amada.
Tu foste a única que amei,
foste a única a quem tive a racionalidade de dizer:
“Eu te amo”.

Mas entendo que não aceites este suicídio como sacrifício.
Se não aceitas,
morrerei em vão
e estarei no inferno amargamente.

Ela sorriu de forma tão alegre, defino ela como solaridade, uma pessoa solar, nada mais, sua beleza era irreal, uma pessoa lúdica, tinha um gato tocando violino, quem tatua isso? Nós falávamos de amor, paixões por mulheres, rimos tanto e ela solar, sentamos começamos a fazer uma poesia totalmente sem pé e cabeça e rindo, sua amiga cão veio até mim e gritou: SOU O CÃO e balançou minha cabeça de uma forma que desmaiei, caros leitores não lembro mais de nada, elas sumiram, todas as pessoas encantadoras sumiram e veio a uma noite fria, perigosa e angustiante.

Falo isso, pois fora teleportado para uma um beco, tentando mijar, mas veio ele, doppelgänger, com um trinta e oito na cintura falando mil coisas, falando com um olhar louco, fogo em seus olhos e caímos novamente na noite, sem medo de nada, fomos e morremos lá, depois do acontecimento entendi o que era a vida, não vou falar o que houve, mas houve a pior coisa, droga na cabeça.

A noite ficou eterna, vi de tudo naquela noite, péssima noite e com meu inimigo, pois perdi por um tempo meus amigos, fomos ao bar.

Entro no bar como um cachorro sarnento cuspindo fogo. O chão gruda nos sapatos, o cheiro é de cachaça azeda e gente fodida. Não há deus, não há lei, só carne aberta. Meto a língua no copo sujo, depois meto a língua no pescoço de uma desconhecida; ela ri, me morde, o sangue escorre. No banheiro, paredes riscadas com frases de ódio, rabos desenhados, pênis arrancados — tudo é escárnio, tudo é gozo.

Quero trepar com a cidade inteira, rasgar a pele dos santos, arrancar os pentelhos dos anjos com um isqueiro. Meus dedos são lâminas, minha boca é um tiro. Ela se ajoelha no chão imundo, me chama de lixo, e eu gozo no chão, não nela, no chão — um grito contra tudo que é limpo. A música é um grito de guitarra estourada, bateria que bate como porrada.

Quero cuspir nas fábricas, cagar nos palácios, mijar no altar. O universo inteiro é um cu sangrento de Deus-Cadela, e eu enfio meus versos nele como quem enfia uma faca. Somos bichos, somos ossos quebrados, somos o barulho antes da explosão. Trepamos, mordemos, sangramos — e rimos, rimos com dentes podres, porque é melhor rir cuspindo sangue do que rezar limpo.

Acordei em lugares inabitados, com ela irreal em meu lado. Tudo foi ela, o irreal e satanás que fizeram meu dia, meus dias em aniquilações

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